É muito comum que a chegada de um novo membro da família (o bebê), a vida do irmão mais velho que até então transcorria sem problemas, começa a ficar tumultuada demonstrando atitudes hostis não só com o recém chegado como também aos demais familiares.
Da criança dócil e tranquila que era, passa a ser chorona, reagir com birras e caprichos à menor contrariedade, às vezes volta a fazer xixi nas calças ou na cama, em alguns casos perde o apetite, enfim, pequenos mal-estares mas, que desestabilizam a família como um todo.
Geralmente os pais repreendem a criança ou conversam com ela, no intuito de remover esses comportamentos. Hora com delicadeza hora com rudeza, julgam seu comportamento como feio, egoísta ou que está desagradando a todos.
Muitas pessoas afirmam: logo isso passa. É verdade. A criança por medo de perder o amor dos pais e querer parar de ser repreendido, cede aos adultos mostrando maior aceitação ao recém-nascido. E com isso seu ciúme fica mais arraigado e profundo, tornando-se vulnerável a qualquer desigualdade por parte dos pais e familiares, sentindo-se em desvantagem com relação aos outros ao longo de sua vida.
Um jeito de lidar com esse sentimento é permitir que a criança expresse à sua maneira, todo o ressentimento quanto ao seu “rival”. Quando o fizer, é importante que o adulto não a repreenda, mas, colocar-se como solidário aos seus sentimentos, concordando como é duro correr o risco de ser menos amado.
Digo isso pois, somente a criança conhece onde reside sua dor, é ela que está sentindo e não é negando que conseguiremos afirmar que no coração dos pais o amor por ela não corre nenhum risco. Pelo contrário, devemos dizer que compreendemos e que de fato é muito penoso estar sentindo isso.
Penso que se os pais permitirem a seu filho exprimir seu sofrimento sem repreendê-lo, mostrando-se sensíveis à sua dor sem tirar-lhe a auto-estima, logo ele poderá adotar o irmãozinho.
Elise Haquim