sexta-feira, 9 de março de 2012

Ciúmes do irmãozinho

É muito comum que a chegada de um novo membro da família (o bebê), a vida do irmão mais velho que até então transcorria sem problemas, começa a ficar tumultuada  demonstrando atitudes hostis não só com o recém chegado como também aos demais familiares.
Da criança dócil e tranquila que era, passa a ser chorona, reagir com birras e caprichos à menor contrariedade, às vezes volta a fazer xixi nas calças ou na cama, em alguns casos perde o apetite, enfim, pequenos mal-estares mas, que desestabilizam a família como um todo.
Geralmente os pais  repreendem a criança ou conversam com ela, no intuito de remover esses comportamentos. Hora com delicadeza hora com rudeza, julgam seu comportamento como feio, egoísta ou que está desagradando a todos.
Muitas pessoas afirmam: logo isso passa. É verdade. A criança por medo de perder o amor dos pais e querer parar de ser repreendido, cede aos adultos mostrando maior aceitação ao recém-nascido. E com isso seu ciúme fica mais arraigado e profundo, tornando-se vulnerável a qualquer desigualdade por parte dos pais e familiares, sentindo-se em desvantagem com relação aos outros ao longo de sua vida.
Um jeito de lidar com esse sentimento é permitir que a criança expresse à sua maneira, todo o ressentimento quanto ao seu “rival”. Quando o fizer, é importante que o adulto não a repreenda, mas, colocar-se como solidário aos seus sentimentos, concordando como é duro correr o risco de ser menos amado.
Digo isso pois, somente a criança conhece onde reside sua dor, é ela que está sentindo e não é negando que conseguiremos afirmar que no coração dos pais o amor por ela não corre nenhum risco. Pelo contrário, devemos dizer que compreendemos e que de fato é muito penoso estar sentindo isso.
Penso que se os pais permitirem a seu filho exprimir seu sofrimento sem repreendê-lo, mostrando-se sensíveis à sua dor sem tirar-lhe a auto-estima, logo ele poderá adotar o irmãozinho.
Elise Haquim

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Mãe Desnecessária

A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo.Varias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase e ela sempre me soou estranha.
Até agora.
Agora que minha filha adolescente, aos quase 18 anos, começa a dar vôos-solo.
Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos.
Uma batalha interna hercúlea, confesso.
Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todos temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara.
Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária.
Antes que alguma mãe apressada venha me acusar de desamor, preciso explicar que significa isso.
 Ser 'desnecessária' é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência dos filhos, como uma droga ao ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustações e cometer os próprios erros também.
 A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda e um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho.
Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vinculo não pára de se transformar ao longo da vida.
Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
Pai e Mãe, solidários, criam filhos para serem livres.
Esse é o maior desafio e a principal missão. Ao aprendermos a ser "desnecessários", nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.
                                                                                                                                           Marcia Neder